domingo, 22 de março de 2009

há poucos passos atrás esse deserto não era assim - ainda me é claro esse passado. ou acaso eu, nômade e assistidor das formas a dançar, quem passou? foge-me a verdade e o equilibrio do acontecimento. afuturam-se alguns passos em dança: fica um passado. por outro lado, deserto-me em outros cantos um tanto: faço-me duna e dança ao passar - escapam-me futuros. vejo: re-vejo lembranças do futuro de dias diferentes - são tantas outras paisagens e distâncias. danço-me, o deserto assisti. é-me claro: passo após passo, passo-me. ultrapasso-me: até choverei e ventarei. as paisagens exploram-se e exploram-me. fugimo-nos em presente-desvio. vejo o deserto - e ele é música; quando ouço-o e ele é cheiro; logo jogo-me e ele é tato. invadimo-nos. impossível fixarmo-nos. desertamo-nos. é-me claro esse deserto, mas, quando cheio de razão, escureço-o, embaço-o, enobreço-o. o segredo se desequilibra para, assim, (sobre)viver. ao longe, vejo caravanas de palavras-mercantes: todas razoaveizinhas. que será que vão descobrir agora? elas passam feito miragens. ecoa: nada há a esclarecer.

domingo, 8 de março de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Fragmento

releio Édipo - procuro a encruzilhada: por onde andam Laio e seus soldados: ouvindo estrelas? deuses? cientistas? astronautas? poetas trágicos? perdeu-se ao procurar novos oráculos ou ao encontrar um manual de auto-ajuda? sobram-me dúvidas. me atraso nas pedras do caminho ou as pedras são o caminho? há atalhos numa highway? desvio. posso encontrar-me nas letras do caminho ao procurar-me original? ou só retocar minhas histórias? enche-la de cores, zumbidos e outros sons orquestrais; desvirtuar hérois e maquinar novos destinos entre a austeridade e o pastiche. ouço dizer de Jocasta: é mulher cheia de atribuições - mas tempo há para novos amores ou para outras tristezas. mais que tempo: há vontade. rainha em horário comercial, dona de casa outra parte do tempo. Mulher em horário integral - caprichosa. será que se re-encontram - Laio e Jocasta? conjecturo os caminhos: Jocasta procura Laio ou será que esqueçe ele? na rota da resposta quantas dúvidas estarão à espreita deles? ou com quantas dúvidas surgirão novos Laio e Jocasta? não os procuro. em mim, não estão perdidos - são fantasmas. vejo fotos, ouço algumas fofocas. arrisco a ter alguma certeza. acuso os papéis: dou o nome que me convém (dirão tragédia ou complexo). breve instante de satisfação e desvio. - viajo por outros desconhecidos. serei Édipo - amante à moda antiga? romântico? sabedor? - serei Esfinge? pergunto e devoro? eis o enigma. meu papel - ainda viajo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Anotação

excitante instante de inspiração: tão natural. hesito ou existo? investigo: investigo e invisto; invisto e insisto; insisto e insulto. insulto e inspiro. onde há, então, expiração? - já engano a dialética? nego opostos - e os opostos dos opostos. origem e esquecimento, logo história e ficção. afirmo movimentos: explosões e amálgamas; simultâneos. não digo que a parte é todo, nem o todo é parte: engano no jogo do vice-versa. se é frase, logo duvido: palavra colhida? escolhida? encolhida? grupitações. mal-mistériência. disistemo. falbitulas. palavra verdade, nego. Maquino mal´explicações. já disse: por enquanto, só duvido: o sentido - onde estará? linhas quebradas - são recorrentes?

domingo, 30 de novembro de 2008

Re-escrito

é recorrente. volto constantemente a essa ficção: inventar e escrever estórias que me des-enganem, que me des-inventem. acho que, principalmente, essas estórias ocupam falsos-vazios, procuram a verdade que ecoará junto à voz de uma irrepreensível e desconfortável Falta. aqui poderia muito bem fulgurar um inconveniente ponto final, registrando-se apenas ecos da Falta. mas, simultâneo, o Desejo (rejeitando qualquer dualismo) reclama uma chance: uma travessia pelo possível das palavras (traduzindo-se em múltiplas hipóteses irresponsáveis, articulações duvidosas, mudanças, bruscas quebras e/ou desentendimentos) em longos passeios entre ilusões e desilusões - onde as saídas reinventam-se em distrações (outras sensações). ficcionalismos nada causais#...o Desejo...sensível e afetuoso Desejo...mutante e treteiro Desejo que, alojado na dúvida entre o ser e não ser, ri de sua loucura ávido de que não haja o Fim - aja Esperança...

domingo, 2 de novembro de 2008

Vaguezas

Foi passando o tempo e fui deixando esse espaço de lado. Do outro lado gritam obrigações e a chamada liberdade; aqui descansa uma escolha, distração e proposta de exercício. Vez por outra, absurdos e vaguezas passeiam na minha mente, querendo extrapola-la e viver aventuras próprias - nesse virtual de possíveis. Não posso [ou sei] revelar se esses pensamentos já foram ou se ainda me habitam e maturam na esperança de tornarem-se texto concreto. Por que minha desatenção com essas vozes? Pergunto como se daqui pudesse surgir explicações ditas lógicas [acho que tenho um grande problema com o que acho que acham que é lógica, mas isso não vem ao acaso de agora]. Fico por aqui, inventando respostas para minhas perguntas, e, junto dessas vaguezas, deixo a esperança de, numa madrugada qualquer, novas desculpas - ou outras coisas.

Desatenciosamente.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Absurdo

dizia-se ato!
e movia-se
como fosse coisa

e negava-se
como fosse oposto
(ou [a]posta [a]ventura)

e repetia-se
como fosse reflexo em espelho
confusa copia de si, que não era

por diversão,
fingia-se
como se fosse erro.
pra quando houver certeza -
não [h]e[s](v)itar e
des-aconte-ser